segunda-feira, 19 de outubro de 2009

LAUGHS

the greatest songs
are never sung
but the grass
get cut
and spelled
in children's hands
how the sun is yellow
but also cold and sutured
...blue

the best laughs
never leave your lungs
and the best life
is art
never made



Do livro Adult Head, de Jeff Tweedy.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Printemps

"Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores." Cecília Meireles - Primavera

A primavera é um dos meus temas preferidos para fitinhas que irão me acompanhar durante o corrido (e temido) fim de semestre. Algumas bandas são constantes nessas fitinhas: Belle and Sebastian (que na verdade é o maior clichê das mixtapes), Cat Power, Feist, Lavander Diamond, Meg Baird, Luisa mandou um beijo, Juana Molina...


Juana Molina


A cantora e compositora argentina iniciou sua carreira artística na TV, em 1989, e lançou seu primeiro disco, Rara, em 1996. Sua música, uma mistura encantadora de elementos acústicos, eletrônicos e sussuros em espanhol, rendeu o prêmio de "Best World Music Album of 2003" ao seu segundo disco, Segundo, que fora gravado em um estúdio caseiro, nos EUA. Em 2004 gravou o Tres Cosas, de onde saiu a música da minha fitinha de primavera, e que foi considerado por Jon Pareles, do New York Times, como um dos 10 melhores discos pop daquele ano. Son veio em 2006 e Un día foi lançado em 2008, no mesmo ano, fez shows com Feist. Aqui pelo Brasil ela apareceu em 2007, participando do minifestival Solitude, aquele com a Joanna Newson (USA), Wendy Mcneill (Canadá) e Niobe (Alemanha).





... sem mais enrolação, o que interessa: fitinha de primavera #1 Lado A / Lado B

domingo, 16 de agosto de 2009

Móveis

Sexta-feira foi minha primeira aula de Teoria Geral do Estado II e, depois de passar um vídeo do U2 tocando "Sunday, Bloody Sunday" e explicar o que foi o Bloody Sunday e alguns atentados que ocorreram depois, o professor comparou os shows a cerimônias religiosas. A banda é o mestre de cerimônia, o público são os fiéis que fazem tudo o que o mestre mandar e alguns chegam até a entrar em êxtase. Ontem, Móveis Coloniais de Acaju comprovou essa teoria.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Super Kelsen


... e a mulata fundamental.


quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Le cerf-volant

Era fim de julho e eu voltava para casa no 2212A, enquanto o ônibus enchia lentamente, eu acompanhava os últimos raios de sol que iluminavam todo o concreto que cobre o centro da cidade, que àquela hora já não era tão cinza quanto de costume. A cidade estava alaranjada, como só fica nos fins de tarde de inverno.
O ônibus pára em um viaduto, há uma obra a frente, mais uma daquelas obras infindáveis que há anos impedem que eu chegue cedo em casa. A mulher ao meu lado dorme, a cabeça pende para trás e a boca está aberta, ela realmente está dormindo, não consigo entender como alguém consegue dormir num ônibus, em meio aos corpos que se apertam e carregam expressões de cansaço e desesperança.
Olho meu relógio, são 17h47, a cidade está apressada embaixo dos viadutos. Mulheres passam com as sacolas cheias, alguns mendigos se ajeitam em frente à uma loja abandonada, os homens andam a passos largos, catadores de papel passam com seus carrinhos cheios. Alheio a todo esse movimento frenético repetido diariamente ao som do barulho dos motores e iluminado pelo vermelho das lanternas dos carros, ali, bem no meio daquela praça, quase camuflado, um menino solta sua pipa preta que faz desenhos suavemente no céu, bem lá no alto, quase imperceptível aqui debaixo. O menino parece acompanhar o ritmo da pipa, não se importa com o que o espera em casa nem com o que ocorre ao seu redor. É só ele e sua pipa preta.
A cena é um pouco triste, o menino é franzino e tem as roupas velhas, cinza, mistura-se à cidade e garanto que a maioria nem o percebe ali. Mas, no momento, ele é tudo o que eu percebo, me esqueço completamente da cidade que corre lá fora. Isso não dura o tempo que eu gostaria, o ônibus arranca bruscamente, lembrando-me de que é preciso seguir, de que sou parte daquela pulsação. Eu, o menino e a pipa não. Não, ainda não.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

BANDEIRA, Manuel

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Seis dias

Já estou sonhando com minhas férias... encher a mochila de livros novamente, mas com aqueles que se acumularam sobre minha mesa e há meses tenho vontade de ler e não tempo, colocar umas poucas roupas, a câmera, passar para o ipod todos os albuns que não tive tempo de ouvir direito nesse semestre; colocar a mochila nas costas, os fones no ouvido e ir pro Rio. Acordar às nove, olhar pro lado e ver o Cristo pela janela, enrolar na cama, tomar café, descer naquele elevador velho, dizer "bom dia!" pro Luís e comentar qualquer bobagem, parar no letras e expressões pra olhar as revistas, procurar no jornal algum filme ou peça boa pra mais tarde, ficar um pouquinho na praia... saudade da minha roça: Rio de Janeiro, Ipanema, Posto 9.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Sete

Ciro Trevisan


O primeiro, foi um olhar rápido, quase um vulto. Enquantoconversava arrisquei um outro olhar rápido, ela me olhava. Não sabiase aquilo soava como um beijo ou um soco, mas meu corpo seu aqueceu derepente. Os olhares foram se tornando mais freqüentes, sempre,aventurados. Sentia o sangue circular rápido nas veias quando olhavapara ela.
Era uma felicidade completa, cheia de inteligência. Até um poucosobrenatural. Não sabia como ela fazia aquilo, mas sorria, nuncaparava de sorrir. E de falar. Se a colocassem na frente de um homemque nunca tinha visto antes, teria assunto pra dias. Mas não erachato, muito pelo contrário, podia passar horas ouvindo-a gesticular.
Confesso que algumas palavras não são completamente verdades,estava um pouco ofuscado. E era linda. 7 tinha manchas de sol pelocorpo que pareciam colocadas nos lugares certos para ocupar a atençãode um homem. Estava mesmo ofuscado.
Eu vou me casar com ela. Não é algo que pensei durante muitotempo, simplesmente veio. E parecia tão simples. E parecia tãocomplicada. E parecia tão linda. Foi tudo muito rápido, não deu muitotempo para raciocinar, ainda bem. Pensar estragaria o momento.
Não falei com ela. Vou ser sincero, faltava coragem, não vontade.Tinha medo de quebrá-la, ou coisa do tipo. Queria colocá-la no bolsoda calça e correr. 7.
Lindo demais, né?

terça-feira, 2 de junho de 2009

Marcelo Camelo

O show foi lindo, me apaixonei. :) Little Joy e Camelo solo são ótimos, mas nada comparado a Los Hermanos, "Além do que se vê" comprovou isso.


sexta-feira, 29 de maio de 2009



Vai chover de novo,
deu na tv que o povo já se cansou
de tanto o céu desabar,
E pede a
um santo daqui que reza a ajuda de Deus,
mas nada pode fazer se a chuva
quer é trazer você pra mim

Santa Chuva, Marcelo Camelo

sexta-feira, 20 de março de 2009

Amélie

Em janeiro recebi dois desafios: dizer sim à tudo e reparar nas pequenas coisas. Resolvi aceitar o segundo, essa semana, então aí estão as pequenas coisas bobas que me deixaram feliz esses últimos dias: ir a pé até o subway e comer um melt à malidax sozinha, voltar e ficar conversando no xerox vazio, encontrar o cara legal no ônibus, ver uma joaninha voando, reencontra pessoas na auto escola, conversar sobre design com o cara que conheci na auto escola, conversar com o porteiro na aliança francesa, conseguir um horário bom pras aulas de francês, descobrir um atalho pra voltar da aliança, ver uns caras fazendo malabarismo no coreto da praça da liberdade, ver a fonte ligada e passar por ela enquanto o vento jogava algumas gotas em mim, andar do outro lado da rua e descobrir uma casa antiga e um cartório, conversar na porta do xerox lotado, encontrar a Raissa no ponto de ônibus, receber uma boa notícia por e-mail. :) E descobrir, por acaso, o novo CD do Luísa mandou um beijo:


Stay beautiful, não se esqueçam do que a Sarah disse! *:

domingo, 8 de março de 2009

Não sai...

Eu tinha que inventar alguma desculpa pra te ver mais um pouquinho que fosse, pra ganhar só mais um abraço, pra ver seu número no meu celular ligando pra eu ir pra porta de casa, inventei. Às seis horas da manhã eu olhava sonâmbula o celular, esperando que você me ligasse, esperando poder atender e escuatar "Prima, tô aqui na porta". A palavra saudade já me dá arrepios. Quero você aqui, sentado naquele banquinho em frente ao café de Deus, quero você ao meu lado no ônibus, quero você há quarteirões de distância de mim, não há cidades. Ontem e hoje choveu, você não sai com chuva, por favor, me diz que ainda está aqui. Não, não diz. Eu poderia citar 230 motivos pra não querer você longe de mim, mas não seria capaz de citar um pra que você ficasse. Vai, eu sei que é o melhor.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Dia 25 de agosto de 2007

cheguei horas mais cedo ao show de uma banda da qual não gostava, o GJ e o Guilherme eram uns dos primeiros da fila, que àquela hora estava minúscula. Descemos até a praça, onde alguns fãs fantasiados pintavam os rostos uns dos outros e, claro, queriam fazer o mesmo com o meu. "Não, obrigada, eu tinha que estar em outro show, não aqui." Quando voltamos a fila já estava enorme e, graças a uma semi-conhecida apaixonada por um amigo nosso, entramos mais rápido. Ficamos o máximo que foi possível sentados no chão, aquele lugar que eu não suporto encheu logo e ficou quente, quente, quente. Depois de mais de uma hora de atraso o show finalmente começou. "Sem horas e sem dores, respeitável público pagão! (...) afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas e estar entre vírgulas pode ser aposto e eu aposto o oposto que vou cativar a todos." Pelo menos a mim ele cativou. Teatro mágico não é banda de se escutar em qualquer lugar, fora do show, as letras são legais, até, mas algumas carregadas de clichês e pieguismo, e os fãs que idolatram o tal do Fernando bem que mereceram aquela reportagem da veja e todos os artigos que já li por aí criticando-os. Teatro mágico é banda de ir ao show, enquanto se encanta com o que os outros integrantes aprontam no palco, ou em cima do respeitável público pagão, você nem dará muita bola pro Fernando e, quando perceber, estará até dançando e cantando um trecho daquela música baranga. Depois do show talvez você consiga escutar algumas músicas enquanto vai pra algum lugar, mas enjoa, teatro mágico vale pelo show. E um só já está de bom tamanho.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

K (e, definitivamente, não é de know how)

Não há nada melhor que uma tarde de muita risada, amigos e guitar hero. O motivo daquela festa surpresa foi esquecido durante cinco horas, 230km nem é tanto assim.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

40°

Les chevaliers de la table ronde et moi vamos provar que não somos nem ruins da cabeça, nem doentes do pé, apesar de sermos autênticas falsas baianas. Mas, quem se importa?! Afinal, simpatia é quase amor. (:
Fim das interninhas. Fiquem bonitos, como diria a pree.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Pedaços de ontem.

O assunto vestibular é inevitável. Notas de corte, quanto sei lá quem fez, quem passou, quem não passou, quem deveria ter passado, os professores que não suportávamos e minhas inúmeras teorias. Eram esses alguns dos assuntos que eu, Luíza e Guilheme conversávamos dentro do ônibus, enquanto esse subia a rua da Bahia. Descemos em frente à biblioteca pública e fomos ao subway, como de costume. Enquanto comíamos o melt no pão de aveia e mel com molhos barbecue e (supostamente) mostarda e mel, como sempre, o Guilherme comentou que não desejava um terceiro ano como o nosso pra ninguém. Eu não, eu desejo. O terceiro e último ano não foi de grandes sacrifícios, pelo menos pra mim, mas um dos melhores anos que já tive. Quando passamos em frente à roxy me lembrei das peças sobre os livros do vestibular (péssimas, por sinal) que "assistimos", das risadas que não paravam um segundo, das pessoas reclamando disso, e das saídas após as peças. A praça da liberdade, os bares, as aulas que matei, os aprofundamentos com a nunna, o poker, os almoços, as festas, os cartazes, as piadinhas, os empurrões, aquelas pessoas que eu não suportava e que meses depois eram motivo de muita risada durante as aulas, tudo. Foi um ano ótimo e o vestibular era apenas um detalhe e a consequência de todos os anos anteriores de estudo, não de um único último ano.
Depois, em mais uma festa na casa do curumim, enquanto os pais dele viajam, a primeira desse ano, percebi que por mais que tudo mude, que cada um esteja num canto, algumas coisas não mudam. O fato de eu ter chegado hoje de manhã no francês sem voz já é suficiente pra ilustrar a noite de ontem. E, morram de inveja, meu horário é o único todo certinho, de segunda a sexta de 7:30 às 11:10hr. Sim, eu tenho certeza de que me matriculei pra um curso diurno da UFMG, haha.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Nem ruim da cabeça, nem doente do pé.

Fui ao show da Roberta Sá meio sem vontade, ainda mais depois de não conseguir terminar de costurar a bermuda cintura alta que eu usaria e de o Guilherme ter sido barrado por ter 17 anos. Não conseguimos também a mesa perto do palco, então fomos pra pista mesmo, bem em frente ao local onde a Roberta Sá passaria a maior parte do show. Qual é o problema disso? Nenhum, caso você saiba cantar as músicas, o que não era meu caso.
Mas foi só a banda começar a tocar, com apenas uma hora de atraso (sem ironia alguma), e ela entrar com um vestido verde e roxo (muito feio, por sinal) cantando "Vim, vim, vim, eu vim, oi, vim, vim, vim, eu vim... Atravessei o mar, vim trazer enfeite, me vesti rainha e dançar a festa no avarandado da mata cerrinha." que coloquei um sorriso no rosto que durou o resto da noite. Ela é uma gracinha, delicada e contida, acabei me identificando (não só porque estávamos com um rabo, um arco muito parecido e a mesma maquiagem). Acabou que eu sabia cantar a maioria das músicas que ela cantou, e naquela uma hora e pouco de show me apaixonei e já espero pelo próximo show. Moinho é exatamente o oposto. A Lan Lan é ótima, mas o destaque mesmo é a Emanuelle Araújo. Ela é a imagem do som da banda e o oposto da Roberta Sá. Solta, livre, dança bem, interpreta e tem uma voz tão bonita quanto. O show tem um rítimo rápido, intenso e enquanto o show da Roberta parecia eterno (o que não significa que foi entediante, pois foi longe disso) o do moinho fez com que a uma hora e pouco de show parecesse ter sido apenas alguns minutos.
Ambos os shows me surpreenderam e foram incríveis, indicando que o ano será realmente muito bom. Quem iria imaginar que eu iria gostar tanto assim de shows de samba?! Que venha logo o carnaval!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Not a matter of choice...

Fui ao show não esperando muito, desejando que um milagre fizesse o Amarante tocar pelo menos "Além do que se vê", como o Camelo fez, mas sabendo que isso seria praticamente impossível e, de fato, não ocorreu. Mas o show não precisou disso. Amarante e Moretti fizeram o (breve) show ser ótimo do começo ao fim. E as pessoas ao meu lado contribuiram para isso.
Sábado é a vez de moinho e Roberta Sá me surpreenderem. Confesso que estou indo ao show mais pela companhia que pelas bandas em si e, por isso, não pode ser ruim.

Essa segunda foi a terceira seguida que saí de casa às duas planejando voltar cedo e acabou não sendo bem assim. Eu amo como essa cidade fica bonita à noite e com chuva, vazia. Subir até a praça da liberdade com quatro pessoas dividindo uma única sombrinha e rindo de todas as bobagens que não parávamos de falar, rindo tanto que esquecemos de ir ao café com letras e acabamos indo ao do belas artes comer brownie e petit gateau às 22hr de uma segunda-feira. Começou com um banco do pátio às 13:10hr, com três pessoas, depois cinco, seis, nove, oito e um filme ruim, dez e praça de alimentação, quatro e uma sombrinha, dois e um ônibus. Quero todas as segundas assim, com vocês.


... just a matter of time.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Quase Paulo Coelho

- Eu nem conheço little joy direito, só algumas músicas.
- Se a realidade não te propõe Los Hermanos nem Strokes, vai Little Joy mesmo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

#

Ontem, conversando com uma amiga, percebi que não estou sentindo falta daquele colégio como outubro e novembro demonstravam que seria. Não, eu não quero voltar e reviver tudo aquilo, eu não escolheria ficar lá pra sempre, com aquelas pessoas. Eu consegui exatamente o que eu queria e o futuro não me assusta. Agora sei o que vou fazer da vida nos próximos anos, a incerteza que há algumas semanas me assustava já não existe. Tudo se encaixou como deveria ser.
Não é saudade o que eu sinto. Eu olho as fotos e sorrio. Fico feliz pelo tanto que aprendi nesses últimos três anos, pelo tanto que mudei, pelo que sou hoje. Lembro daqueles momentos bobinhos e fico rindo sozinha. Lembro das pessoas e dá uma vontade enorme de sair correndo e dar um abraço bem grande em algumas. Só preciso de uma coisa: encontrá-las de novo pra me despedir disso tudo. Daqui pra frente é diferente, sei que algumas só encontrarei anos mais tarde na fila do banco, ela grávida com um filho correndo que quando diz "vem ver a amiga da mamãe!", ele pára atrás dela e tenta se esconder agarrado em suas pernas. E eu com a minha carreira. Não consigo me ver mãe dona-de-casa. Os estudos pra mim sempre foram prioridade e devo ser a única que faz dezoito anos sem nunca ter tido um namorado, mesmo que de mentira, só pra falar pras amigas. E apesar das previsões da minha avó de que eu sou daquelas que quando entra na faculdade arruma um namorado com quem vai se casar mais tarde, vejo exatamente o contrário: eu me dedicando ainda mais aos estudos. Não era isso que eu queria e nem condiz com meus planos, mas essa sou eu, totalmente previsível.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Começo

Agora está completo, passei na UFMG. Dia dois de março já começo a pegar o 2004 todas as manhãs em direção àquele prédio lindo de direito. Pelo menos ele fica perto da praça da liberdade, da minha futura escola de quadrinhos, da biblioteca e do francês. Whatever, nem ligo pro prédio, o importante é que vou poder fazer tudo o que tinha planejado. Só faltou duas pessoas passarem pra minha felicidade ser mesmo completa. Tenho um mês de férias e muita coisa pra fazer ainda. Agora é, oficialmente, o começo do fim das nossas vidas.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Trois

Após a liberdade de uma noite sem um pré-planejamento, apenas indo, com pessoas que acabo de conhecer e amigos que mal vejo, a segurança de um domingo e uma segunda com muitas risadas e aqueles amigos de sempre indica um dos melhores anos da minha vida.
"É a teoria do três." Me explicou a Luíza antes de o filme começar, no domingo. Os melhores anos da vida dela terminaram com múltiplos de três e superavam-se. O último foi 2006 e, se essa teoria se aplicar a mim também, esse ano será mesmo o ano.
Segunda foi quando primo, mãe e nunna me mostraram que isso é bem possível. Desistimos de filme e fomos ao kahlúa, belas artes e terminamos na praça da liberdade. Foram as seis horas mais rápidas da minha vida. Entre risos, top 5, planos, livros e conversas sérias eu tive a certeza de que quero isso sempre.
O resto da semana, com teatro quinta, diamond sexta e festa domingo são mais provas pra validade da teoria, só falta uma coisa: eu ser aprovada da ufmg.

sábado, 17 de janeiro de 2009

She & Him

Ontem eu percebi que tenho mais amigos que amigas. Me sinto bem mais a vontade entre um grupo de homens falando bobagem que entre um grupo de mulheres falando sobre maquiagem. E sim, eu consigo ir pra um bar, me sentar entre um monte de caras e rir, rir muito, sem pensar em quem eu quero pegar. Ter amigos é melhor. Você já escutou quais são os papos de mulher? Um saco. Tá que conversar sobre certas coisas no banheiro é ótimo, mas pra que estender essas conversas por uma tarde inteira? Por que você não consegue conversar sobre livros, discos e filmes? Tem que ser sempre sobre como ela está gorda e mesmo assim não tem bunda ou sobre algum cara. Tá, eu sou mulher e tenho também essas conversinhas (não sobre como estou gorda, haha), mas não o tempo todo. Eu quero humor negro, sarcasmo, merdas, violão na praça da liberdade sentados no chão. Quero sair andando por aí de madrugada, rindo, rindo, rindo, ir comer qualquer bobagem e não escutar reclamações acerca das calorias, quero me sentar num banco da praça, olhar pro céu, lembrar uma música e cantar desafinado, quero declamar um poema que meus amigos odeiam enquanto eles gritam implorando pra eu parar, quero entrar no banheiro do belas artes e constatar que eu estou feliz demais ao invés de que meu cabelo está uma bagunça, quero apostar corrida pelas ruas da savassi à noite. Mas eu também quero ir pro cineclube assistir um filme qualquer e morrer de chorar ao lado de uma amiga, pra depois sairmos rindo e irmos tomar qualquer coisa, quero alguém que tenha papos de banheiro comigo na hora certa, alguém que me mostre que ser dramática é algo muito normal, alguém que escute meus dramas e não me proponha uma solução tão racional, alguém que concorde comigo, alguém que declame aquele poema comigo, que vão ao banheiro do belas artes e ria enquanto constatamos que estamos felizes, que diga que eu peguei o cara mais bonito da festa, alguém que também goste de violão e praça da liberdade, alguém que vai inventar uma desculpa qualquer quando vir que eu estou quase chorando porque o idiota está tentando me torturar, afinal o que ele foi fazer com ela lá, aquele dia? Eu preciso de uma amiga que me mande e-mails, que me ligue pra dizer que aquele filme idiota que eu gosto estava passando e que ele é, oficialmente, o filme mais estúpido que ela já viu, só eu mesmo pra comprar um filme daquele, enquanto eu estava estudando pra uma prova. Eu preciso de alguém que ache minha magreza a coisa mais linda do mundo e diga que pareço uma supermodelo, que adore meus monólogos e ache meus planos de ir pros lugares menos turísticos do mundo a coisa mais incrível, preciso daquela pessoa que sorria, abra os braços e largue tudo pra sair correndo e me abraçar. Sabe, eu preciso de amigos, amigas e amig_s. E eu tenho. Obrigada.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

7

7 esperava demais, sonhava demais, planejava demais. Nada nunca deu certo, os monólogos permaneceram monólogos e os personagens se perderam em alguma das gavetas bagunçadas da sua memória. Nos últimos anos alguns tentaram colocar 7 no bolso e sair correndo, tentaram impressionar a menina do zine revolucionário, tentaram ficar com ela esta noite, tentaram deixar que ela escolhesse, tentaram mostrar quem ela era. Não adiantou. 7 era toda errada e gostava de coisas tortas. 7 se contorcia pra parecer torta o suficiente pras coisas tortas. Não deu certo. Foi 7 quem saiu correndo, foi 7 quem abandonou o zine, foi 7 quem dançou, foi 7 quem se anulou, foi 7 quem não quis ver. E então, quando menos esperava, quando não tinha plano algum, aconteceu tudo o que nunca tinha esperado e tudo o que esperava há muito tempo. Quando parecia ter encontrado seu começo, acabou. Fim.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Comendo com colher de sopa

Fico impressionada com as inúmeras retrospectivas que li nesses últimos dias. Infelizmente minha memória não é das melhores e minhas lembranças são uma bagunça, tenho uma profunda birra com datas que reflete-se na minha total incapacidade de situar-me no tempo. Tentei escrever algumas lembranças desse ano, mas elas estão bem onde estão. Então vamos a minha missão:

Lucas, Naim
Hilda Hilst

Tento recordar, reconsidero eu corpo palavra, um ramalhete cerdoso aqui por dentro, eu corpo palavra, sangue emoção sufixo, coisas que fazem parte do corpo da palavra, reconsidero um ajustar-me ao todo e a tudo, não tinha esta cara, eu Lucas tinha outra, corpo e palavra se refazem, tu não és mais o mesmo, tu Lucas, as palavras também adquiriram surpreendentes significados, por exemplo velhice era coisa de longe, de vazio, aderência de outro não de mim, bochechas magras, franzimentos, um acorpar-se de névoa e de suspiros, velhice Lucas, reconsidero a cara e tudo o mais diantes do espelho, sou eu Lucas ainda, meio amarelo, e neste instante acorrentado à loba, dizer isso acorrentado à loba velho úmido pastoso, lobapaixão colada a mim, estamos pensando, é isso, pensar não parecia tão difícil, costumava pensar com propriedade, dissertava depois, discursava até, aos poucos chegava a singulares conclusões, eu Lucas modelo intemporal tem presente nem passado, posso ser este e outro, posso não ter sido e ser sempre, ainda complexidades, mas há modelos que se expressam com muito mais trançados do que eu: "o indivíduo tem uma extensão considerável no tempo e negligenciável no espaço". Isso disseram. Costumava pensar sobre esta frase, desfiava esquema emparedava corolários, pensaca, tentando chegar ao primeiro degrau indivíduo, o que é um indivíduo? Compacto, eu mesmo, Lucas, indivíduo. Se eu colocasse diante dele, de Naim, soberbo, grave, mudo, quase sempre, me olhando. Hoje devo dizer a ele desse impermissivo agudo intolerável aqui por dentro, ajustar a seus olhos paixão e velhice, pontiagudos opostos, duas lentes, uma vermelha lustrosa alongada e brilhante, inchando o mundo, sereia, magenta à tua volta, me tocas e toda pacidade do mundo pe orata e passível de idéia, posso reformular unha e falange, pêlos e pobrezas, voltar a ser esplêndido-humano, único, aquele pensando pela primeira cabeça, duas lentes Naim, da segunda falo menos, ou não? Penso baço menos, ou não? Estendo-me ainda no vermelho, tingido, escorrendo. Da segunda, dessa cinza parda, distância que agora se faz colada a mim, sei e não sei espessura da lente, algumas manhãs lente baça e grata, estão ali as coisas? As gentes? Há livros por aqui? O senhor me conhece? Sua filha? Ah perdão, sua mãe é? Antes não havia ali uma praça? Pequenos desconforto, riso cascateado por dentro, estou bem muito bem, que me importa as filhas, praças, livros agora se já estou dentro deles, coisa que já sou, gente que fui, ah isso Naim, fui gente, como tu mesmo, esticado longe, um nariz que cheirava muito à sua frente, um belo nariz muitíssimo delicado, e boca cheia de dentes e olhos que sabiam de Lucas, já sabiam desse Lucas de agora, e uma garganta que se fosse a mesma te diria: te amo como as begônias tarântulas amam seus congêneres, como as serpentes se amam enroscadas letras, algumas muito verdes outras escuras, a crus na testa lerdas prenhes, dessa agudez que me rodeia, te amo ainda que isso te fulmine ou que um soco na minha cara me faça menos osso e mais verdade, diria garganta espaçosa e viril, avalanche de sopros, santas palavras, Naim. Eu fosco nesse instante escolhendo algumas, palavra-semente sobre a mesa, muitas, pondo de lado esta extrema redondez, paixão, perfeição evidente mas chocantes, paixão esta de lado, eu dentro dela mas me verás ao largo, digo tocando as órbitas cerradas
alguma coisa em mim, deseja alguma coisa que não sei
Vai até a janela ereto, lento, não deveria ir porque o trançado desta frase não é o mesmo trançado de outra rede, eu não disse: Naim, "o indivíduo tem uma extensão considerável no tempo e negligenciável no espaço", nem disse "Apes vos nom vobis mellificatis", que quer dizer, Naim: o mel que vós produzireis, abelhas, não será para vós, e talvez fosse adequado incorporar Virgílio no nosso diálogo, homem-abelha-Naim existindo porque Lucas existe, mel porque para mim, ninguém mais te verá armadilha dourada tão precisa, tão bem colocada, porque sou eu quem te vê e ninguém mais-eu, não outro tão eu como eu mesmo, meu corpo, coeso com as coisas oi não, este tempo seria o de reflexão, de morte também, porque ainda que eu não esteja totalmente morto, estou à morte há muitos anos, desde que resolvi olhar o que existia além, o descarnado de mim, ir lá adiante onde os outros paralisados aqui, suspeitam apenas que há um pavoroso mais adiante, e indo mais adiante a pegunta inflou poderosa: há Deus na morte? Aquele que é o Novo Substancial Vida Primeira em Si Mesma, contém em Si a morte? Pergunto-me isso e estou substancialmente morto, emoções, o fardo do meu corpo se desfaz, não sou eu mais, ou sou mais Lucas, mas não ligado às possíveis gentes, a tudo vivo animal vegetal, e mesmo a pedra no seu corpóreo turbilhonado, turbilhçai que não vemos, está mais próxima daquele todo vida, do que eu. Então como posso estando morto, articular ingenuidades e como quem vai beber água te dizer: acontecu que não imagino mais meu existir sem te ver ao meu lado. Então não digo. Então repenso muitas maneiras de dizer, formas coerentes com o morto que há em mim, repenso mas não encontro, me fazer em palavra, retomar o castigo de cândidas vogais Amo Amo, fingir que não sei o que tu és, o que eu mesmo sou, o que tu és, Naim vinte e cinco, soberbo, grave, mudo quase sempre, me olhando. Soberbo de quê? De aparências, tua cabeça cabelos, soberdo mais eu, que sei de todos os atalhos, grave de quê, Naim? Grave mais eu, que sei como te levar a reais gravidades, em poucas horas posso esmagar em ti soberba e gravidade e te fazer não mais olhar a janela mas saltar por ela. Ato que posso, anulo, pactuo incoerência, digo
umas coisas acontecem e mesmo pensando muito não se sabe a fonte
quê?
a fonte dessas coisas que acontecem
Continua mudo mas voltou-se, breve como quem espia quem vai estrar pela porta, presença insuficiente em importância porque a paisagem de fora continua sendo o que olha, cinza pardo como eu, cara no firmamento, perfil, também olho e digo o que se diz quando há no céu uma cara parece uma cara
é, parece
um duplo perfil olhe
Três caras, tua minha e a cara desse morto que parece estática, cara que possuo, enorme, tomando o perito e o abdômen, morto sem cabeça agora porque desiste de meditar no que já sabe. Se meditasse, o morto Lucas não te tocaria o ombro.
o que foi? Hem, Lucas?
Morto sem cabeça faria melhor te sacudir também pelos ombros, ajoelhar-me, e partindo objeto e suplicante ousar balbucios ou prólogos pequenos, comedidos, ainda ajoelhado reconstruir meu corpo para o teu olho, estender as mãos até a tua cintura e confessar amor vazio de astúcias, ou didático somar vogais e consoantes numa espiral de gelo, Lucas glacial
se você está vendo que é um duplo perfil, está?
sim. Colados.
Hiperdialético construíste um vetor, mas se eu fizer disso uma evidência, se rascunhar para o teu olho cego porque jovem, que tu mesmo, Naim, me levas até o lago onde bóiam estufadas as palavras de amor, negarás intenção e ambiguüidadem disse cikadis duabre di qye se vuam dusse cikadism Kucasm como mil outros diriam diante do que se via, não houve o desconforto de opções e supostos, claro que assim não me dirias, com essa exata arquitetura de palavras, gaguejante, rosado, três murmúrios muito frágeis e depois um agressivo unívoco, então não digo hiperdialético construís um vetor, nem rascunho para ti a linha azulada do caminho que nos levaria ao lago, continuo como se não soubesse do teu fosso de dentes pronto para me triturar, verdade que me queres? Colados, não é, Naim? Perfis colados, mornura carne afim apenas de um só lado, não estão frente a frente, não estamos, não posso mensurar veemência e intensidade de ti mesmo se não nos colocarmos frente a frente, propositada acalmia do teu perfil vago, e ainda espectador recuo para a margem do fosso, depois medroso, medo de que o fundo seja nada
viu, Naim, desmancharam-se agora
hem?
os perfis desmancharam-se
um no outro
Começaste um galope, disseste colados, um no outro, e continuas incoagulável frente à janela, se te vissem de fora, as gentes, não te vêem, último andar desse tão alto, se te vissem de fora diriam talvez, alguém diria, que te pareces a um colecionador de marfins, marfim tu mesmo eu diria se te visse de fora, que és feito de uma carne sem tempo, estás aí e tudo o que dizemos te convence de uma sobrecarga de inefável, mentes para ti mesmo soletrando um recoser de frases. Por que não dizes que também eu estou em ti colado, que estamos um no outro há muitos meses, que te envergonhas de um sentur muito sentiente, juntura que te oarece desabusada? E retomando velhice, pensando eternidade, também eu galopo, por que não morrer? Por que não atravessar o grande rio, ou dele fazer oarte, ser água e basqueiro, mas viva ferida na pretensa austeridade de sempre do teu peito? Porque não morrer, se há muito me sei tão morto porque vivo em ti tão imootente, corrído de prenhez de de desejo, não me envergonho de usar prenhez em mim, virilidade também comporta preciosa redondez, tua alma na minha cabeça, no ventre, teu espírito baço mas amálgama do meu, e tão desejado, não era o que eu pretendia na velhice, amar um outro homem, inarticulado usar a palavra como uma velha espada, corte-cego, sem fio, ferrugem sobra a prata, não, eu não queria, e vou dizê-lo
sabe, Naim, eu não queria
o quê? que os perfis se desmanchasse?
um no outro, eu não queria, que um só se desmanchasse sim, para nitidez do outro
pobre Lucas. Ainda usando geléia de morango nas palavras? Pode comer sozinho essa torrada.
Vamos comê-la juntos. E enquanto me aproximo do teu rosto cinco ou seis passos, o passado explode, jorra dentro da sala por um imenso buraco, revejo teus dissimulados toques, uma lascívia escura, um remendo rugoso inaceitável para a tua brilhosa juventude, remendo rugoso, gozo grosseiro desculpável em ti porque há velhice em mim, e amor na velhice para o teu ser cego é espetáculo imundo e risível, ainda que eu seja honrado, e quase ilustre e fudamentalmente viril, velho-Lucas-viril, sugado para um vórtice de carne, perguntando-se a cada madrugada que luz é que v~e na tua tola e tosca quase adolescência, luz de carne, isso, e um invisível, feito de mim mesmo, sobreponho em ti meus longos resultados, penso que és um, soberbo Naim, bele, mais minhas dores, mais meu estofamento álmico, meu esticado tenso, e uma dupla torção, vida e conhecimento. Te imagino tu-eu. E és apenas vinte e cinco, mas vinte e cinco rasos, de tibiez, camada cremosa e milimétrica de pequeninos neurônios ativados, e para que percevas cominho mais dois passos, Lucas caminha, o outro sorri, mudo, e peça grande janela de onde há pouco se viram dois perfis, uma cara, pela grande janela, águl, Lucas se atira.

Pro GJ. :)

sábado, 3 de janeiro de 2009

Aponta pra fé

O ano acabou, as festas acabaram, as aulas acabaram e também os motivos pra ir àquele colégio. A segunda etapa chegou, eu mal estudei. Só remando mesmo.