domingo, 21 de outubro de 2007

Bagunça

Todo o conteúdo da minha bolsa em cima da mesa. Minha não, a bolsa é da minha irmã, mas desde julho, quando viajamos, eu me apossei dela. E desde julho que eu não tiro nada de dentro dela, só coloco. Agora tenho uma bagunçinha pra arrumar. Duas escovas de dente, halls, bala de gengibre com mel e própolis (eu estava completamente sem voz quando viajei porque no dia anterior tinha ido à um show e no dia antes do show teve a festa da Livinha e depois eu dormi na casa da malidax com a Sofia), duas gominhas, uma fitinha de Nossa Senhora Aparecida, o manual do ipod da minha irmã, o cartão da loja onde comprei minha blusa do Little Miss Sunshine, uma etiqueta, protetor labial, um pedido de radiografia que eu deveria ter feito à meses (fui no dentista dois dias antes de viajar) e um envelope com radiografias dos meus dentes de leite, há sete anos, que a dentista me deu. A minha identidade também estava no meio da bagunça. O documento, naquele onde está escrito que eu sou Luísa. Só não consegui achar onde diz quem realmente sou eu. Será que isso eu mesma é que tenho que descobrir?
Não, não estou com crise de identidade, só caí na realidade e percebi que ano que vem eu faço vestibular, pra direito, e tenho que passar. Porque o vestibular não é bem meu objetivo, mas todos os meus objetivos dependem dele. Percebi que estou meio Blair Waldorf, pensando só na UFMG, como se ela fosse a única faculdade do mundo. Ela é apenas a única aqui de BH na qual eu quero passar. Tenho que mudar meus hábitos. Prometo que não vou continuar com o desenho que começei na aula de física sexta e que deixei pra terminar na aula de física de segunda e em quantas aulas mais fossem necessárias para terminá-lo, prometo prestar atenção às aulas, pelo menos tentar, prometo estudar, não a uma hora dando uma olhadinha na matéria, prometo pensar no simulado de sábado, ao invés de fazer de qualquer jeito, porque não vale ponto e eu vou fazer vestibular pra UFMG no fim no ano como treineira mesmo.
Mas será que só esse é meu futuro? Eu gosto tanto de arte, podia fazer algo ligado à isso. Gosto de costurar, de moda. De jornalismo e zines. De fotografia e cinema. Gosto de mais um monte de coisas, e se não der certo na primeira, não vai ser um ano perdido. Vou fazer outras coisas de que gosto e depois tentar de novo. Isso deveria ser tranquilizante, mas tenho medo de que vire um motivo pra não me esforçar como deveria.