terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Subjetivo

Abriu a porta de casa, jogou o casaco num canto qualquer, tudo o que desejava era deitar e não levantar tão cedo. Nem chegou a se atirar no sofá e teve que subir correndo as escadas, as janelas dos quartos estavam abertas e o vento forte fez duas portas baterem. Parou a porta do quarto da direita ao ouvir o barulho de vidro quebrando. Demorou algum tempo para abri-la, não queria ver aquela foto sob os cacos do porta-retrato, embora todos aqueles sorrisos e a união que aquela foto representava já estivessem quebrados, ela gostava de passar horas olhando-a, era como se esses últimos dois anos não tivessem existido, tudo era mais bonito, tudo era mais alegre. Então abriu, o porta-retrato estava inteiro, pelo jeito o vidro era mais resistente que aquilo que há dois anos ela jurava durar pra sempre. Dessa vez não demorou muito olhando a foto, nem sequer colocou o porta-retrato no lugar, deixou lá, desmontado, em cima da cama, e correu pra fechar a janela do outro quarto. Vendo suas fotos balançarem no painel por causa do vento, seus móbiles girando sem parar e ouvindo a janela de vidro bater inúmeras vezes, ela finalmente entendeu. O quê e o porquê ainda não sabe, talvez fosse o azul que saída da tv e coloria o quarto. Mas ela sorriu, voltou para o porta-retrato, era pra sempre.