Nunca foi muito de ganhar, na verdade, sempre evitou competições, não muito pelo medo de perder, mas pelo medo de ganhar. Desde pequena achava que deveria preteger quem gostava e qualquer um que estivesse sofrendo. Sempre quis pegar as dores de todos, pra ver se esquecia-se das próprias. Nunca foi muito de mostrar o que sentia, fingia que não ligava, e pelo jeito passava bem essa impressão. Meteu-se em um monte de brigas por causa de suas convicções avessas. Brigava pelos outros. Até mesmo com os outros. Ela só queria o melhor, mas não percebia que causava justamente o oposto. Então percebeu. Percebeu o quão patética era. Queria mudar. Mas tinha medo de mudar. Tinha vergonha de mudar. Não mudou. Nem vai. Algumas coisas não mudam. Talvez seja melhor assim. Talvez deva ser assim. É bom pensar que sim.